domingo, 25 de novembro de 2007

DUDU CANDELOT

Dudu:
as palavras são um restinho de vida,
as palavras são chocolates,
elas são ácidos
lisérgicos,
as palavras

são maçãs.


Dudu:
palavras são de uma solteirice só,
mas querem casar, palavras
encomendam mausoléus de antemão, palavras

sabem o signo de cada um, sabem
cantar de olhos fechados
a ladainha de cada dia, as palavras
mágicas,
que só elas...

Dudu:
elas dizem coisas
que não se entende
sem um Houaiss por perto, um Aurélio !

elas fingem dizer coisas
também.

elas não dizem
NADA

às vezes.
Dudu:

palavras também se engasga,
espinha de bacalhau,
susto aguerrido,
coração disparado
saindo pela boca : as palavras.
Dudu:
elas dizem coisas
que não se entende
sem um Houaiss por perto, um Aurélio !

elas fingem dizer coisas
também.

elas não dizem
NADA

às vezes.
Dudu:
dão nome aos bois,
dão certeza & honra
às mais vãs mentiras
que um homem esconde,
"dou minha palavra",
como se valesse ouro
e todos acreditassem...


Dudu:

palavras as tenho
sempre por perto,
como um kit de emergência,
como para-quedas cerzido em nylon camuflado,
para que eu possa
pousar suavemente
em qualquer terreno desconhecido

daqueles que o sol avermelhado batiza doido
muito menos vaca, muito menos
Drummond
que a curvatura
do Oceano Atlântico
prestes a nascer.

Carioquinha,
rastaquera,
skizofrêniko poetinha limpinho
sem traço de areia grudando
no saco.

penso no saco dos homens...

melhor ir dormir desacompanhado...

( é mais barato ! )


vou daqui pra frente


amar um travesseiro !

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